A existência de papel (continuação)

É uma situação diferente. Eu olho para trás e vejo uma garota que parece tão diferente, tão distante do que sou hoje. É como se me olhasse no espelho e não me reconhecesse. Ou não mais me visse. E eu não consigo entender se isso é bom ou ruim. Eu fico saindo as vezes de mim e observo tamanha loucura, totalmente devastada. Os sentimentos não são mais os mesmos e o coração parece mais receoso atualmente do que quando eu era criança. Tenho medo de tudo, você entende? E antes eu tinha alguém que me apoiaria, mas agora, eu me sinto bem só. Mas eu me purifico. Dou atenção para coisas simples, perco a noção do tempo olhando o Sol desaparecer, encaro a Lua solitária e as estrelas que brilham para quem não quer ver. Como eu? Acho que sim. Eu sinto o vento bater nos meus cabelos e quase imploro para que ele leve todo esse peso que eu carrego. Mas eu não tenho peso nenhum, é só esse vazio que eu sinto que dói demais. E quando eu tento deixar alguém entrar é como se estivesse cometendo um crime. Entregando o coração para quem não sabe cuidar. E eu já me acostumei com isso. Já fiquei triste por não poder gritar para ninguém minhas aflições, já desisti de lutar por algumas pessoas e o meu coração não bate mais por ninguém. Nem por mim. Eu não estou morrendo, mas essa condição, de não estar vivendo é bem pior. Eu sei mais onde estou e nem se vou. Eu nem consigo mais sorrir sem me sentir falsa.

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